quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quociente nada eficiente

As eleições de 2010 serão marcadas por uma palavra desconexa com o que ela representa. O exercício da cidadania ficou manchado por interesses escusos de um sistema político que demonstrou a fragilidade da democracia brasileira. A palavra injustiça marcou todo pleito eleitoral onde assistimos o rolo compressor do poder e a intimidação de um país de excluídos.
De imediato, nos deparamos com as alianças políticas em prol de um determinado candidato - coisa nunca vista - inimigos políticos, ou, pelo menos, de ideologias diferentes, no mesmo palanque, defendendo seus próprios interesses. Um choque de desonestidade, de desinteresse a causa pátria, de um egoísmo absoluto e de dar vergonha.
Por outro lado, temos uma lei eleitoral que está com a maioria, e não protege as minorias. A distribuição da propaganda política na TV, bem como o tempo de cada candidato, nunca teve um peso sócio-político tão expressivo e prejudicial ao momento histórico que representa a festa da cidadania.
Vimos o poder massacrando os nanicos, diminuindo os pequenos como se seus discursos em nada interessassem aos brasileiros. A justiça eleitoral não agiu com justiça. Embora seja regra a distribuição conforme os tamanhos das coligações partidárias, o fato é que nunca se viu o interesse do cidadão violado de forma tão abusiva. Quando o próprio presidente da república testemunha a favor de um candidato e vende a idéia de que o seu mundo deveria continuar, parecia que ali mesmo se encerrava o horário eleitoral, pois quem tem o presidente como seu principal cabo eleitoral, nesse caso, não precisaria de opositores.
Felizmente, o tão falado salto alto, quebrou no primeiro paralelepípedo ali da esquina. E a onda positivista permitiu que a democracia subsistisse em meio aos aparatos eleitoreiros e desse o seu grito de independência.
No entanto, faltaram idéias, ou melhor faltou liberdade de escolha ao povo brasileiro, e se há algum culpado nisso tudo, é a nossa legislação eleitoral. ‘Tempo igual para todos’, já dizia uma corajosa candidata. Mas para o povo, tempo igual para todos no primeiro e no segundo turno.
Outra tragédia, muito lamentada, e com razão - essa terão que engolir a seco-, é a história do quociente eleitoral, que deixou nomes importantes da política brasileira de fora da legislatura, pessoas de bem que deram lugar ao cálculo matemático, nivelando, convenientemente, o desejo do cidadão, anulando o ato democrático. A democracia brasileira, neste caso, é uma farsa, onde a vontade do povo, expressa no direito do voto, é oficialmente desprezada.
Se realmente a nação brasileira tem um desejo, um interesse público, não terá sido nestas eleições o seu cumprimento. Então, que os homens de boa vontade façam prevalecer, pelo menos uma vez, a vontade do povo. Viva a democracia! A verdadeira democracia! E que venha a reforma política.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fale com a gente. O que você pensa sobre isso?